Desde as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, o turismo tem enfrentado dificuldades significativas para se restabelecer no Estado. De acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho, o volume de atividades turísticas no RS caiu 35% quando comparado ao mesmo período em 2023. Como resultado, bares e restaurantes que dependem de maior faturamento nos meses de alta temporada têm sido impactados.
Um dos obstáculos para a retomada é o fechamento temporário do Aeroporto Internacional Salgado Filho, interditado desde maio por conta dos danos causados pelos alagamentos. Dados do relatório de movimentação aeroportuária da Fraport, empresa responsável pela administração do terminal, apontam que, apenas durante o período de maio a julho de 2023, mais de 950 mil pessoas desembarcaram na capital. A expectativa é que a reabertura parcial do aeroporto, prevista para outubro, ajude a retomar o fluxo de turistas e a restabelecer uma das principais portas de entrada para estrangeiros no país.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem do Rio Grande do Sul (ABAV-RS), João Augusto Machado, os preços elevados e a pouca disponibilidade de voos têm afetado também os gaúchos que desejam viajar para fora do Estado. Machado ainda ressalta a necessidade de mostrar ao resto do Brasil que estamos nos reconstruindo, e que o Estado está apto para receber turistas. O turismo corresponde a 4% do PIB, mas movimenta indiretamente diversos outros setores da economia gaúcha.
Otimismo no horizonte
“Foi um mês bom, mas não foi ótimo como poderia ter sido caso não fossem as enchentes.” É o que relata Diego Castillo, dono de uma lancheria em Tramandaí, sobre as vendas durante o mês de julho. Normalmente, há bastante movimento em razão das férias de inverno. Este ano, no entanto, ele relata que o faturamento caiu significativamente.
Para ele, o motivo é simples: muitas pessoas ainda estão se reerguendo financeiramente após a tragédia que atingiu o Estado em maio deste ano. Mesmo assim, ele se mantém confiante em relação ao verão, período responsável por cerca de 50% do seu faturamento anual. “Acredito que vai ser um bom verão para todos e vamos vender bastante”, antecipa.
No setor hoteleiro, a previsão também é esperançosa. A presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte (SHRBS-LN), Ivone Ferraz, conta que a região foi prejudicada por conta do grande número de reservas e eventos cancelados, mas que a preparação para receber os turistas no final do ano já começou. “Estamos realizando reformas, compras de materiais e equipamentos para que tudo esteja preparado”, afirma. Ela ainda ressalta que grande parte dos turistas estrangeiros que vêm ao Litoral Norte chegam por meio das estradas, o que reduz o impacto causado pelas opções limitadas de transporte aéreo.
Fonte: Correio do Povo
