Desde quinta-feira(07), os noticiários do Brasil todo publicavam um possível ciclone bomba que atingiria o Sul do país durante a terça-feira com chuva e ventos muito intensos. O noticiário sobre o suposto ciclone veio ainda acompanhado por imagem irreal e fictícia gerada por inteligência artificial de um furacão na costa do Brasil. São quatro dias seguidos de matérias na imprensa e, incrivelmente, as matérias seguem neste domingo.
Duramente castigado pelo maior desastre da sua história em maio, com mais de 200 mortos e prejuízos de dezenas de bilhões de reais, e ainda se recuperando da catástrofe, o Rio Grande do Sul ainda tem sua população traumatizada pelas enchentes e a notícia sobre o ciclone imediatamente causou ansiedade e angústia na população.
Noticiarios do Brasil todo falando do suposto Ciclone Bomba que iria atingir o sul do Brasil. Foto: Reprodução/Internet.
A própria MetSul em suas redes sociais, informou que estavam monitorando uma tempestade no Atlântico, mas não era considerado um Ciclone Bomba. Neste domingo(10) a MetSul enfatiza que não haverá ciclone bomba no Sul do Brasil nesta semana e que nenhum modelo de previsão do tempo indica a formação de um bomba meteorológica (outra designação técnica para um ciclone bomba) para o Sul do Brasil.
Mas, então, como surgiu essa história do ciclone bomba?
Na quarta-feira(06), modelos de previsão do tempo – que são simulações por computador das condições atmosférica futuras – indicaram de fato a possibilidade de um ciclogênese explosiva a Leste do Uruguai e a Sudeste do Rio Grande do Sul.
Ocorre que os mesmos modelos de previsão do tempo não mantiveram a projeção de formação do ciclone em suas rodadas de quinta, sexta e ontem. Da mesma forma, não indicaram nas rodadas que ingressaram na madrugada deste domingo.
As projeções dos modelos europeu, norte-americano, alemão e canadense para a manhã de terça em que não se observa ciclone algum no Sul do Brasil ou sua costa. Foto: Reprodução/MetSul
Na noite de quinta-feira, a Metsul colocou uma nota em suas redes sociais dizendo "o modelo europeu indicou em uma de suas saídas de ontem um poderoso ciclone de intensificação explosiva (bomba) para a terça-feira. Ocorre que na saída de hoje, do mesmo horário e do mesmo modelo, apareceu cenário completamente distinto sem ciclone bomba algum perto do Rio Grande do Sul".
Seguindo a tendência dos dias anteriores, os dados dos modelos que ingressaram no começo deste domingo não mostraram nenhum ciclone bomba – e nem mesmo um ciclone – atuando junto ao Sul do Brasil na terça-feira.
Ciclones extratropicais são absolutamente comuns e recorrentes em nosso clima local e regional. Podem ocorrer em qualquer época do ano, embora atuem mais nas latitudes médias nos meses de outono, inverno e parte da primavera, uma vez que dependentes do avanço de ar mais frio.
Ciclones do tipo bomba perto do Uruguai e do Sul do Brasil, como se viu no episódio fatídico de 2020, são muito menos comuns. Este tipo de ciclone, caracterizado por uma queda da pressão central de ao menos 24 hPa em 24 horas, geralmente se forma mais ao Sul do Atlântico, em latitudes mais altas, e a uma grande distância do Brasil. Excepcionalmente ocorrem mais perto do Sul do Brasil, porém mais em meses frios do ano.
Fonte: MetSul