A perícia identificou que o arsênico encontrado no bolo que causou três mortes em Torres, no Litoral Norte, estava depositado na farinha usada no preparo da sobremesa. Segundo a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Marguet Inês Hoffmann Mittmann, está descartada a possibilidade de que algum ingrediente estivesse estragado.
A diretora explica que o volume de arsênico presente no bolo é 2,7 mil vezes maior do que a concentração presente em uma contaminação acidental.
Segundo o delegado Marcos Vinicius Veloso, responsável pela investigação, embora a família tivesse uma convivência pacífica, havia pequenas desavenças envolvendo uma pessoa, que está presa:
— Havia divergências causadas basicamente por uma única pessoa. E essa pessoa foi investigada. Essas divergências ocorrem há 20 anos.
O secretário de Segurança do Estado, Sandro Caron, afirma que há indicativos concretos de autoria do crime por parte da suspeita, que está presa pelo crime. As informações foram fornecidas na manhã desta segunda-feira (6), durante coletiva de imprensa concedida em Capão da Canoa, no Litoral Norte.
A perícia identificou altíssimas quantidades de arsênico — um veneno usado como inseticida — no doce. No domingo (5), a nora de Zeli dos Anjos foi presa. O nome dela não foi divulgado pelas autoridades, mas a reportagem apurou que é Deise Moura dos Anjos.
A mulher foi detida por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e uma tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. A prisão foi coordenada pela equipe do delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, de Torres. Buscas foram feitas na casa de Deise, mas a polícia não divulgou o que foi encontrado no local.
O que diz a defesa
A defesa de Deise Moura dos Anjos se manifestou na manhã desta segunda-feira. Por meio de nota, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza informaram que a equipe "não teve acesso integral a investigação em andamento". Leia a nota abaixo na íntegra.
Caso bolo envenenado
Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente por suposto envenenamento no caso do bolo, na cidade litorânea de Torres/RS, vem a público manifestar que possui defesa constituída, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza.
Até o presente momento, 06 de Janeiro, às 07hrs, a defesa prestou atendimento em parlatório à cliente, contudo, não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno.
Entenda o caso
Seis pessoas da mesma família passaram mal e precisaram procurar atendimento médico em 23 de dezembro após consumir o bolo, que continha arsênio, conforme análise da perícia da Polícia Civil.
Três delas morreram: duas irmãs de Zeli, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.
eli, responsável por fazer o bolo, permanece hospitalizada na UTI em estado estável, de acordo com o boletim médico. Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado vários dias, mas já está em casa. Uma sexta vítima, um homem da família, foi liberado após atendimento médico.