A Polícia Civil concluiu o inquérito que apura as responsabilidades pelo acidente com o ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em Imigrante, que deixou sete mortos e 25 feridos. Três pessoas foram indiciadas por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e 21 lesões corporais culposas (do total de feridos, quatro escolheram não representar). O coletivo transportava alunos e docentes do curso de Paisagismo do Colégio Politécnico. O caso aconteceu em abril deste ano. Os nomes dos indiciados não foram divulgados.
*Rodolfo Bopp, motorista do ônibus, 42 anos: segundo a investigação, não agiu conforme recomendado pelas técnicas de segurança defensiva no trânsito; não usou o freio motor e não respeitou a sinalização; deixou o veículo ganhar velocidade e perdeu os freios ao esquentar as lonas por falta de experiência.
*Responsável pelo núcleo de transporte da UFSM, 28 anos (nome não divulgado): conforme a polícia, foi negligente e não manteve o ônibus em condições de rodar com segurança, mas liberou para uso mesmo assim. Também não cobrou dos motoristas o checklist de revisão do veículo. A última revisão foi feita em 2023.
*Representante da empresa que contratou os motoristas, 53 anos (nome não divulgado): de acordo com o delegado José Romaci Reis, eram pessoas sem experiência e sem conhecimento técnico para desempenhar a função, e a suspeita sabia disso. Os motoristas não tinham curso de reciclagem, não faziam cursos de direção defensiva e não tinham acompanhamento das revisões e vistorias dos ônibus.
O inquérito teve mais de mil páginas e foi remetido ao Poder Judiciário nesta sexta-feira (23). O Ministério Público (MP) vai analisar o caso e decidir se denuncia ou não os três. Caso faça isso e a Justiça aceite a denúncia, eles começarão efetivamente a ser julgados pelos crimes.
O que dizem os indiciados
A defesa do motorista Rodolfo Bopp sustenta que "em nenhum momento ele conduzia o veículo de forma imprudente, negligente ou com imperícia". O advogado Flávio Barrero Jr afirmou que "ele foi um herói" e que "optou por salvar o maior número de vidas possível".
A UFSM diz que "já solicitou a íntegra do inquérito para providências internas". A Universidade acrescenta que "seguirá colaborando com as autoridades competentes, para que o processo legal assegure uma apuração justa dos fatos".
A empresa que contratou o motorista alega que soube do indiciamento da colaboradora pela imprensa e que deve se manifestar quando se inteirar do caso.