A Receita Federal e a Polícia Federal apreenderam aproximadamente 20 milhões de cigarros falsificados durante uma operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (11) em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A ação resultou na prisão de cinco pessoas e interrompeu a atividade de uma fábrica clandestina instalada no interior de uma chácara avaliada em cerca de R$ 1,5 milhão. A carga apreendida, estimada em R$ 5 milhões, estava distribuída entre a unidade de produção, um depósito e um caminhão.
Denominada Operação Bonsack, a ofensiva concentrou-se no combate à fabricação ilegal de marcas de origem paraguaia e cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em municípios como Porto Alegre, Viamão, Tramandaí, Alvorada, Parobé, Vera Cruz e Santa Cruz do Sul. As equipes identificaram uma estrutura completa de produção e logística, que incluía dois galpões — um deles com cerca de 500 metros quadrados — e uma empresa transportadora utilizada para escoamento da mercadoria.
As investigações apontam que o grupo mantinha uma rede de empresas interpostas, responsáveis pela emissão de notas fiscais fraudulentas voltadas à aquisição de insumos em São Paulo. Entre os materiais comprados estavam filtros de acetato, cola, embalagens e fumo processado proveniente do Vale do Rio Pardo, região que concentra a maior produção de tabaco do país. O esquema movimentou cerca de R$ 50 milhões ao longo dos três anos de funcionamento.
Além das apreensões, a operação contou com a participação de fiscais do Ministério do Emprego e Trabalho, que apuram a presença de trabalhadores paraguaios submetidos a condições análogas à escravidão. Há indícios de que os operários eram recrutados com promessas falsas de emprego e impedidos de deixar a propriedade, sob constante vigilância por câmeras de segurança.
De acordo com as autoridades, a produção e importação de cigarros no Brasil dependem de autorização específica da Receita Federal e do cumprimento de requisitos técnicos, estruturais e financeiros. Os responsáveis pelo esquema clandestino devem responder por crimes como lavagem de dinheiro, fabricação de substância nociva à saúde pública, comercialização de produtos impróprios ao consumo, sonegação fiscal, organização criminosa e possível redução de trabalhadores à condição análoga à escravidão.
A operação mobilizou cerca de 120 agentes, entre servidores da Receita Federal, fiscais do Ministério do Emprego e Trabalho e policiais federais, e segue com diligências para aprofundar a investigação sobre a extensão da rede criminosa.